Desvio portossistêmico em felino: Relato de caso
Monografia apresentada na Pós Graduação Veterinária em Clínica Médica de Felinos
Desvios portossistêmicos ou shunts portossistêmicos podem ser definidos como
comunicações venosas anormais que permitem que o sangue proveniente do sistema porta
entre na circulação venosa sistêmica sem realizar passagem hepática. São condições clínicas
pouco frequentes na clínica de felinos em comparação com os cães, sendo também de difícil
diagnóstico. Podem ser congênitos ou adquiridos, solitários ou múltiplos, além de intra ou
extra-hepáticos. Os sinais clínicos associados aos desvios portossistêmicos são variáveis e
inespecíficos, podendo ser intermitentes. Para a realização do diagnóstico devem ser
utilizados exames laboratoriais e de imagem, sendo os mais específicos e menos invasivos a
dosagem de ácidos biliares pré e pós prandial e a ultrassonografia abdominal com avaliação
vascular por doppler. O tratamento de eleição é cirúrgico para atenuação do vaso anômalo,
devendo ser realizado manejo clínico concomitante. O presente relato descreve o caso clínico
de um gato, raça persa, macho, 18 meses, com sinais clínicos de doença do trato urinário
inferior, evoluindo para quadro convulsivo por quadro compatível encefalopatia hepática 24
horas após realização de uretrostomia. Foi evidenciado aumento das concentrações de ácidos
biliares e localizado vaso anômalo extra-hepático através de ultrassonografia abdominal com
avaliação vascular por doppler. Paciente submetido a manejo clínico seguido de procedimento
cirúrgico, para atenuação do vaso anômalo com anel ameróide. Um procedimento cirúrgico
foi suficiente para obliteração total do vaso anômalo dentro de 45 dias de pós operatório,
sendo que o animal encontra-se em ótimo estado geral, sem recidivas do quadro passados 16
meses do procedimento.